domingo, 20 de maio de 2012

Pesquisa da UERJ alerta para o consumo de crack por crianças e adolescentes

Uma bomba prestes a explodir nas ruas do Rio – é assim que o professor doutor Jairo Werner Júnior, da Faculdade de Educação da UERJ, especialista em uso de drogas por crianças e adolescentes classifica o perigo do aumento do uso de crack no Rio de Janeiro. Para ele, a sociedade não está preparada para lidar com os problemas decorrentes do uso desta droga, que é uma das mais letais e viciantes que existe.

O professor Jairo Werner participou, em 2005, de uma pesquisa realizada pelo Ministério Público com menores de 8 a 14 anos de idade recolhidos pela operação Zona Sul Legal, que mostrou indícios de uso de cocaína por todos os examinados. O resultado da pesquisa mostra que moradores de rua têm contato constante com drogas, o que pode se tornar um problema social de grandes proporções, principalmente pela entrada do crack no Rio de Janeiro, uma droga extremamente viciante e com um grau de letalidade altíssimo.

O crack é basicamente a cocaína fumada, portanto tem o mesmo princípio ativo; a grande diferença entre o crack e a cocaína é justamente o modo como as duas drogas são usadas. A cocaína é absorvida pela mucosa do nariz, metabolizada pelo fígado e liberada gradualmente para o cérebro; já o crack é absorvido pelo pulmão e enviado diretamente ao cérebro, de uma vez só, provocando efeitos muito mais intensos que os da cocaína, porém menos duradouros, o que faz com que o usuário fique facilmente viciado. Assim como os efeitos da droga, os danos que ela provoca são grandes. Viciados em crack costumam sofrer de distúrbios psicológicos como delírios, agressividade, transtornos de humor e personalidade, além de problemas de ordem fisiológica, como febre alta, hipertensão e outros problemas cardíacos e circulatórios.

Nas crianças usuárias o crack provoca danos ainda mais devastadores, pois uma dose usada por um adulto é grande para uma criança, devido ao peso menor, o que aumenta muito o risco de uma overdose. A isso soma-se o fato de que as crianças estão em uma fase delicada de formação psicológica, portanto os distúrbios desta ordem são muito mais comuns, mais intensos e mais difíceis de serem revertidos.

O crack transforma o usuário de tal forma que os métodos convencionais de tratamento de viciados em drogas se mostram pouco ou nada eficientes no combate ao vicio na chamada ‘pedra’. Nas palavras do doutor Jairo Werner; “está sendo criada uma outra espécie de ser humano, com alterações no humor, personalidade e valores, que não poderá ser tratada pelos métodos convencionais”.

Atualmente no Rio de Janeiro, apenas a FIA (Fundação Para a Infância e Adolescência do Estado do RJ) está preparada para tratar viciados no crack. Ele destaca que o Rio de Janeiro corre o risco de passar por uma grande crise anunciada, que cresce pouco a pouco e irá tomar proporções gigantescas, assim como aconteceu com a dengue. “Se não combatermos e nos prepararmos para enfrentar esta droga desde já, em alguns anos o Rio de Janeiro estará enfrentando uma verdadeira epidemia do crack, com aumento significativo da violência, tráfico e prostituição”- alerta o professor.

Maiores informações pelo telefone: (21) 2569-8803

Fonte: André Coelho/ UERJ

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