Levantamento da Secretaria Municipal de Segurança e Controle Urbano
constatou que de novembro para cá dobrou o número de locais utilizados
por usuários de crack em Niterói. As chamadas cracolândias, que
inicialmente se limitavam à Praça JK, em frente ao DCE da Universidade
Federal Fluminense (UFF) e à Rua Doutor Fróes da Cruz, atrás do Terminal
Rodoviário Roberto Silveira, no Centro, agora também ocupam o espaço
entre o Terminal Rodoviário de Niterói (Teroni) e um shopping, também no
Centro, e a entrada do Túnel Raul Veiga, que liga Icaraí a São
Francisco, junto ao Morro do Cavalão.
Segundo o levantamento, mais de 200 pessoas fazem uso diário da droga
nesses quatro pontos, movimentando por dia entre R$ 2 mil e 5 mil. Cada
usuário consome de dez a 15 pedras por dia. Cada pedra de crack é
comercializada normalmente por R$ 1, mas o preço pode chegar a R$ 5.
Ainda segundo o levantamento, crianças de até 12 anos são as principais
consumidoras da droga, seguidas de jovens entre 16 e 17 e alguns adultos
com mais de 30 anos.
“Em sua maioria as crianças estão abandonadas na rua, embora tenham
famílias. Isso acontece porque são maltratadas. E o uso do crack é uma
maneira de encontrarem a felicidade”, argumenta o secretário de
Segurança e Controle Urbano, Wolney Trindade, para justificar a
constatação.
Mas segundo Wolney, não só pessoas de baixa renda consomem a droga.
“Não tem só mendigos e pessoas de rua nestes locais. Muitas são de
classe média. Algumas estão em fase preocupante, outras ainda são
iniciantes”, revela.
A Praça JK e a Rua Joaquim Távora, próximo ao túnel, foram
identificados como os locais em que usuários da classe média se reúnem
para o consumo da droga.
Em alta - Além do aumento no consumo de crack, estatísticas do 12º BPM
(Niterói) revelam crescimento na apreensão do entorpecente. Só em
novembro, foram apreendidas quase 1,4 mil pedras de crack na cidade, 42%
a mais que o mesmo período de 2009. Desde janeiro deste ano, já foram
mais de 10 mil pedras.
O crack é preparado a partir da extração de uma substância alcaloide da
planta Erythroxylon coca, encontrada na América Central e América do
Sul. Chamado benzoilmetilecgonina, esse extrato é retirado das folhas da
planta e origina uma pasta: o sulfato de cocaína. Chamada,
popularmente, de crack, a droga é fumada em cachimbos. As pedras são
consideradas refúgio da realidade e também para a marginalidade, que
ganha força entre os usuários.
Ao redor, cresce o número de assaltos
Com o crescente consumo de crack, o número de assaltos também aumentou,
principalmente no Centro, onde estão localizadas três das quatro
cracolândias da cidade. Só em outubro, o Instituto de Segurança Pública
(ISP) registrou 133 assaltos a transeuntes no bairro, 15% a mais que no
mesmo período do ano passado.
A proximidade da Praça JK à Rua Hernani Pires de Melo, no Ingá, próximo
ao Clube Canto do Rio, torna quem passa pelo local presas fáceis dos
usuários de crack. A auxiliar de departamento de pessoal Márcia
Chianello, de 48 anos, que mora próximo ao clube, conta que a filha foi
assaltada duas vezes em menos de um mês na região. “Na primeira, ela foi
assaltada à noite por um casal, e na última, às sete horas da manhã,
indo pegar o ônibus para trabalhar. Uma mulher gorda, de cor escura,
cabelo curto e preso, de top preto e short jeans a atacou dizendo que
iria furá-la se ela não entregasse o dinheiro e o celular. A pessoa
correu para o lado da praça JK”, lembra, acrescentando: “(Depois)
Passamos de carro pela Praça JK e vimos a tal mulher”.
Para lidar com o problema, a Secretaria de Segurança e Controle Urbano
tenta firmar parceria com o 12º BPM. Mas além da força policial para
coibir a ação de traficantes e usuários, admite que falta espaço para a
recuperação dos drogados. “Para retirar essas pessoas da rua precisamos
reunir pessoas da área médica, psicólogos e psiquiatras, além de
reivindicar um espaço para o tratamento”, reconhece Wolney Trindade.
Para 2011, Niterói deve ganhar um projeto tocado em conjunto pelas
secretarias de Assistência Social e Saúde, Guarda Municipal, Conselho
Tutelar e Promotoria da Infância. A idia é dar acompanhamento integrado
aos usuários de crack e outras drogas (Conheça nosso
Palestra Sobre Drogas e Àlcool) . A Prefeitura, como ainda não possui centro exclusivo para atendimento de usuários de drogas (Conheça nosso Palestra Sobre Drogas e Àlcool) , pretende acolher esses pacientes de forma ambulatorial.
Usuários sofrem efeito devastador
Para especialistas em dependência química, a iniciação ao vício do crack funciona como a de outras drogas (Conheça nosso
Palestra Sobre Drogas e Àlcool)
, mas com o agravante de efeitos mais devastadores. De acordo com o
terapeuta Leônidas Duarte, pastor e administrador do Centro Evangélico
para a Recuperação da Vida Humana (Cervhu), os casos de dependência
evoluem em quatro estágios. O experimental é a fase da vontade de
conhecer a droga; o recreativo, quando o uso é ocasional; o habitual,
quando a necessidade passa a ser mais evidente e por último a
dependência. Na condição de dependente, o usuário passa a não medir
esforços ou consequências para se drogar.
“Os estudos apontam uma média nacional de iniciação aos 13 anos, mas já
existem relatos de crianças que aos 10, conhecem o crack, ou a mistura
zirrê. Para cada dependente químico, existem pelo menos quatro
co-dependentes, familiares que sofrem junto. Por isso o tratamento
precisa se estender”, explica.
O zirrê é resultado da mistura do crack com a maconha. Segundo
especialistas em dependência química, a mescla das substâncias causa
efeitos devastadores, como aumento da pressão arterial, dilatação das
pupilas e hipotermia (baixa de temperatura do corpo).
Mal afeta 98% das cidades
Este mês, a Confederação Nacional de Municípios (CNM) divulgou em
Brasília uma pesquisa que aponta o crescimento do consumo de crack no
país. O levantamento foi realizado em 3.950 cidades e comprova que 98%
dos municípios pesquisados enfrentam problemas relacionados ao uso do
crack e a outras drogas (Conheça nosso
Palestra Sobre Drogas e Àlcool) .
O estudo também constatou que apenas 14,78% dos municípios pesquisados
afirmaram possuir Centro de Atenção Psicossocial (Caps), local que
oferece atendimento à população e acompanhamento clínico às pessoas com
transtornos mentais, entre eles usuários de drogas (Conheça nosso
Palestra Sobre Drogas e Àlcool) .
A pesquisa ainda mostrou que menos de 10% das cidades possuem um
programa municipal de combate ao crack. E que, mesmo sem um programa
definido e com a falta de apoio das demais esferas de governo, 48,15%
dos municípios realizam campanhas de combate à droga.
Memória – Na última quinta-feira, policiais do 7º Batalhão de Polícia
Militar (São Gonçalo) apreenderam cerca de 600 pedras de crack, além de
100 trouxinhas de maconha, três pistolas e um radio- transmissor, na
entrada do Morro da Coruja, em Neves.
Na boca de fumo, que também funcionava como cracolândia, foram presas
18 pessoas, entre elas três traficantes e 15 usuários da droga. Todas
foram encaminhas para a 74ª DP (Alcântara). De acordo com o
tenente-coronel Cláudio Oliveira, comandante da unidade, a polícia
chegou ao local após receber informações que usuários estavam consumindo
a droga em uma cracolândia existente na comunidade.
Ao chegarem no local, os agentes encontraram cerca de 50 pessoas
consumindo crack. Com a aproximação dos militares, traficantes de drogas
(Conheça nosso
Palestra Sobre Drogas e Àlcool) teriam trocado tiros com a polícia, que respondeu ao ataque. Por sorte ninguém ficou ferido na ação.
Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)
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