Uma bomba prestes a explodir nas ruas do Rio – é assim que o professor doutor Jairo Werner Júnior, da Faculdade de Educação da UERJ,
especialista em uso de drogas por crianças e adolescentes classifica o
perigo do aumento do uso de crack no Rio de Janeiro. Para ele, a
sociedade não está preparada para lidar com os problemas decorrentes do
uso desta droga, que é uma das mais letais e viciantes que existe.
O professor Jairo Werner
participou, em 2005, de uma pesquisa realizada pelo Ministério Público
com menores de 8 a 14 anos de idade recolhidos pela operação Zona Sul
Legal, que mostrou indícios de uso de cocaína por todos os examinados. O
resultado da pesquisa mostra que moradores de rua têm contato constante
com drogas, o que pode se tornar um problema social de grandes
proporções, principalmente pela entrada do crack no Rio de Janeiro, uma
droga extremamente viciante e com um grau de letalidade altíssimo.
O crack é basicamente a cocaína
fumada, portanto tem o mesmo princípio ativo; a grande diferença entre o
crack e a cocaína é justamente o modo como as duas drogas são usadas. A
cocaína é absorvida pela mucosa do nariz, metabolizada pelo fígado e
liberada gradualmente para o cérebro; já o crack é absorvido pelo pulmão
e enviado diretamente ao cérebro, de uma vez só, provocando efeitos
muito mais intensos que os da cocaína, porém menos duradouros, o que faz
com que o usuário fique facilmente viciado. Assim como os efeitos da
droga, os danos que ela provoca são grandes. Viciados em crack costumam
sofrer de distúrbios psicológicos como delírios, agressividade,
transtornos de humor e personalidade, além de problemas de ordem
fisiológica, como febre alta, hipertensão e outros problemas cardíacos e
circulatórios.
Nas crianças usuárias o crack
provoca danos ainda mais devastadores, pois uma dose usada por um adulto
é grande para uma criança, devido ao peso menor, o que aumenta muito o
risco de uma overdose. A isso soma-se o fato de que as crianças estão em
uma fase delicada de formação psicológica, portanto os distúrbios desta
ordem são muito mais comuns, mais intensos e mais difíceis de serem
revertidos.
O crack transforma o usuário de
tal forma que os métodos convencionais de tratamento de viciados em
drogas se mostram pouco ou nada eficientes no combate ao vicio na
chamada ‘pedra’. Nas palavras do doutor Jairo Werner; “está sendo criada
uma outra espécie de ser humano, com alterações no humor, personalidade
e valores, que não poderá ser tratada pelos métodos convencionais”.
Atualmente no Rio de Janeiro, apenas a FIA (Fundação Para a Infância e Adolescência do Estado do RJ) está
preparada para tratar viciados no crack. Ele destaca que o Rio de
Janeiro corre o risco de passar por uma grande crise anunciada, que
cresce pouco a pouco e irá tomar proporções gigantescas, assim como
aconteceu com a dengue. “Se não combatermos e nos prepararmos para
enfrentar esta droga desde já, em alguns anos o Rio de Janeiro estará
enfrentando uma verdadeira epidemia do crack, com aumento significativo
da violência, tráfico e prostituição”- alerta o professor.
Maiores informações pelo telefone: (21) 2569-8803
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