domingo, 30 de setembro de 2012

Chances são para o nível técnico, com maior demanda nos setores da construção civil e de alimento. Setor industrial brasileiro vai precisar até 2015 em 177 tipos de ocupações diferentes



Cerca de 7,2 milhões de trabalhadores de nível técnico e de média qualificação. É o que o setor industrial brasileiro vai precisar até 2015 em 177 tipos de ocupações diferentes. Os dados fazem parte do Mapa do Trabalho Industrial 2012, um estudo elaborado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai/Nacional) e divulgado na última semana. Com salário médio inicial de R$ 2 mil, os setores de alimento, vestuário e construção civil são os de maior demanda.
De acordo com Márcio Guerra, gerente executivo adjunto de Estudos e Prospectivas do Senai/Nacional, a pesquisa engloba tanto a formação de novos profissionais como a formação de profissionais que já se encontram no mercado de trabalho. Guerra afirma que o estudo orienta o Senai a criação de 4 milhões de matrículas de cursos da área industrial.
“O que é quase o dobro das 2,5 milhões de vagas registradas em 2011. Portanto, essa expansão tomará como base os resultados do estudo”, diz.
O gerente executivo do Senai avalia que os resultados da pesquisa têm também como objetivo apoiar os jovens brasileiros na escolha da profissão e, com isso, aumentar suas chances de ingresso no mercado de trabalho.
“O intuito é lançar um olhar diferente sob o mercado de trabalho, um olhar mais à frente, para identificar onde estão as maiores chances de se conseguir um emprego”, observa.
Segundo o estudo, entre as ocupações que necessitam de cursos profissionalizantes com mais de 200 horas/aula, a maior demanda está no setor de alimentos. Conforme o Mapa, serão necessários 174,6 mil trabalhadores da indústria de alimentos (cozinheiros industriais) em todo o Brasil.
“O País precisará também de 88,6 mil operadores de máquinas para costura de peças do vestuário e  81,7 mil preparadores e operadores de máquinas pesadas para a construção civil”, relata.
O especialista do Senai informa, ainda, que entre as ocupações técnicas, o técnico de controle da produção lidera o ranking com demanda de 88.766 profissionais.
“Atrás, vem a de técnicos em eletrônica com 39.919 e a de técnicos de eletricidade e eletrotécnica, com 27.972”.

Qualificação – A Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec) vai abrir 2.740 vagas de cursos técnicos no primeiro semestre de 2013, entre eles, eletrotécnica com 665 vagas, eletrônica com 645, eletromecânica (520), mecânica (510), construção naval (150), máquinas navais (150), química (65) e petróleo e gás.
Para Rogéria Feitoza de Almeida, coordenadora técnica da diretoria de Desenvolvimento da Educação Básica e Técnica da Faetec, com o aquecimento da economia no Brasil e principalmente no Rio de Janeiro, o volume de negócios aumentou gerando elevação na produção industrial.
“E como os profissionais de nível técnico são os que estão ligados diretamente às linhas de produção, são eles que giram a máquina da produtividade”, constata.
Luana Dias, profissional de comunicação do Centro Nacional de Estudos e Projetos (Cnep), alerta aos jovens terem cuidados para não seguirem uma área apenas por ter bastante oferta de trabalho e bons salários.
“Nem sempre uma profissão que está em alta hoje permanecerá daqui a 10 anos. O 28º ano de vida é marcado pela crise dos talentos. A partir daí, as realizações dependem em 10% de inspiração e 90% de transpiração. Muitos talentos vão para o anonimato após os 28 anos”, constata.
Carlito Alves, de 18 anos, está no 3º ano do ensino médio da Escola Técnica Estadual (ETE/Faetec), no curso técnico em Telecomunicações: “ Só com o ensino médio não dá ”, relata o aluno.
Colega de turma de Carlito, Rayza Hanna, também de 18, diz que pretende arrumar estágio numa boa empresa.
“Este mercado remunera muito bem”, diz.
 Vagas para técnicos em eletrônica e de eletricidade e eletrotécnica estão entre as carreiras mais cotadas. Foto: Divulgação

O FLUMINENSE

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

O QUE É PAC (Protocolo de Ação Conjunta)



O Instrumento para possibilitar que as entidades públicas ou privadas ofereçam trabalho remunerado ao preso denomina-se “Protocolo de Ação Conjunta”, que nada mais é do que um gerenciamento do Estado/Susepe entre o empregador e o prestador de serviço, que é o próprio apenado. O Protocolo de Ação Conjunta é um contrato regido com base na Lei de Execuções Penais N.º.210/84, pois se enquadra nas definições dos artigos 28º ao 37º e seus incisos.

O Estado/Susepe é o gerente entre as partes envolvidas na execução da atividade laboral, onde representa a preso.

É importante ressaltar que o empresário fica isento de quaisquer encargos sociais, e outros eventuais.

COMO FUNCIONA:

Fica a cargo do empresário o fornecimento do material permanente da matéria-prima e/ou local de trabalho, bem como equipamentos de segurança.


O Estado, quando disponível, fornecerá a infra-estrutura e seleção permanente da mão-de-obra prisional.


O produto final é de propriedade do empresário.



REMUNERAÇÃO:

Existem duas formas de formalização do PAC:
PAC baseado no Salário Mínimo
É estabelecido o valor correspondente em salários mínimos nacionais.
PAC por Produção
É estabelecido o valor da unidade produzida, e o preso é remunerado conforme produz.
Em qualquer das modalidades de PAC o apenado deverá receber no mínimo 75% do Salário Mínimo Nacional.
Do montante total da folha de pagamento, o empresário pagará 10% ao Fundo Penitenciário.

 
COOPERAÇÃO DA COMUNIDADE:
 
O trabalho prisional é oferecido aos presos por entidades públicas ou privada é uma das formas da necessária presença da comunidade junto aos estabelecimentos penais. Essa presença deve obrigatoriamente ser buscada pelo Estado, como preceitua o art. 4º da Lei de Execução Penal.

Foi exatamente diante das dificuldades existentes que o Estado/Sistema Penitenciário gerencia todo o trabalho prisional, que o Constituinte Estadual inseriu no parágrafo 1º do art. 137, a possibilidade de se organizar o trabalho prisional com a colaboração de terceiros.

A entidade privada que gerenciar o trabalho prisional, seguramente, estará prestando relevante e necessária colaboração com a comunidade, ao participar da recuperação do preso por meio do trabalho, conforme o estabelecido em Lei.

BENEFÍCIOS DECORRENTES:

Ao Apenado: remição de pena, profissionalização, reintegração social, auto-estima e renda mensal.

À Sociedade: prevenção contra reincidência ao delito, segurança e ação integrada Estado/Susepe/Preso.

Ao Estado: redução de reincidência, cumprimento da Lei de Execução Penal e execução de política social reintegradora, humanização da pena e diminuindo o déficit de vagas.

Ao Empresário: isenção de todos os encargos sociais, custos menores de produção, competitividade, participação na reintegração social do homem preso e colaborador com a segurança pública.

Reinserção de presos


Os programas de reinserção dão uma nova chance aos egressos do sistema penitenciário e reduzem o risco de que voltem a praticar delitos. Instituído pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o Começar de Novo é um dos principais projetos do Brasil para reintegração de ex-detentos.
Desde sua criação, em 2009, já empregou mais de 2 mil ex-presidiários em empresas públicas e privadas. Os ex-presos têm acesso às vagas por meio dos tribunais locais ou pelo Portal de Oportunidades, ferramenta do site do CNJ. Mais de 300 empresas parceiras cadastradas disponibilizam trabalho para quem já deixou a prisão ou está no regime semi-aberto.
Em janeiro de 2012, o portal indicava 2.742 postos de trabalho disponíveis. O número é alto porque os empregadores encontram dificuldade para preencher muitas das vagas, por causa da baixa qualificação dos candidatos. Cerca de 70% não têm o ensino fundamental concluído. Por esse motivo, as empresas também estão investindo em cursos de capacitação para os ex-detentos.
Parcerias com empresas do chamado Sistema S, como Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), estão ajudando a acelerar a qualificação profissional, ensinando aos ex-presos ofícios como padeiro e eletricista.
A área da construção civil é a que tem maior procura, devido ao recente aquecimento registrado no setor. Os canteiros de obras para a Copa do Mundo de 2014 também estão recebendo operários que deixaram a prisão. Das doze cidades-sede do Mundial, seis já cumpriram o termo de cooperação técnica com o CNJ e oferecem 5% das vagas de trabalho para ex-detentos.
Segundo o juiz auxiliar da Presidência do CNJ Luciano Losekann, que coordena o Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e de Medidas Socioeducativas, a oferta de trabalho ajuda a quebrar o ciclo de criminalidade. “Ao dar uma chance de trabalho, o risco de retornar à vida do crime é menor”, explica.
O CNJ também realiza o cadastramento de parentes de pessoas presas. Muitas vezes, a família fica desestruturada quando o pai ou mãe vai para a prisão. Com o levantamento, os familiares são encaminhados para receber benefícios e para concorrer a vagas de trabalho. O sistema já está funcionando no Maranhão e em Minas Gerais.
Instituída há mais de 30 anos, a Fundação Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel (Funap), vinculada à Secretaria da Administração Penitenciária do Estado de São Paulo, tem uma série de programas sociais para reintegrar os ex-detentos à sociedade, nas áreas de assistência jurídica, educação, cultura, capacitação profissional e trabalho.
Os presos carentes contam com assistência jurídica integral prestada por 271 advogados. Quem quer estudar tem acesso à alfabetização e pode cursar o ensino fundamental e médio. Há ainda salas de leitura, palestras e oficinas.  A Funap também oferece cursos profissionalizantes com certificação.
A oportunidade de aprender um oficío ainda no regime fechado é importante para que o detento já ganhe a liberdade em condições de assumir uma nova profissão.
A Ong Bem Querer oferece cursos na área da construção civil para internos da Fundação Casa, de São Paulo. Além de capacitar os jovens com aulas técnicas, o programa Construtores do Amanhã tem palestras e debates sobre cidadania, comportamento e voluntariado visando a formação global do aluno. Com a qualificação, aumentam as chances de obter um emprego ao deixar a instituição.
A Pastoral Carcerária também tem papel importante na defesa dos direitos dos presos. Em 1986, surgiu como serviço organizado da CNBB e passou a ter uma coordenação nacional em 1988. Entre suas atividades estão visitas, apoio jurídico, assistência às famílias e acompanhamento de denúncias de violação dos direitos humanos.
Fontes:
Conselho Nacional de Justiça (CNJ)
 

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Oficinas capacitam egressos do sistema prisional

Ação faz parte da parceria com o projeto Começar de Novo, do Tribunal de Justiça da Bahia
Carlos Baumgarten
 
Salvador – A partir do mês de setembro, egressos do sistema prisional da Bahia atendidos pelo projeto Começar de Novo, do Tribunal de Justiça da Bahia, poderão participar das Oficinas SEI (Sebrae Empreendedor Individual). Serão oferecidas seis das sete soluções disponibilizadas pelo programa. A primeira será a SEI Empreender, no dia 3 de setembro.
A informação foi divulgada nessa quinta-feira (23) em uma reunião entre representantes do Sebrae na Bahia, Tribunal e Fundação Dom Avelar, que também participa da parceria. O evento teve como objetivo retomar as atividades do projeto Começar de Novo e sensibilizar os ex-presos para aproveitar a oportunidade de recomeçar através do empreendedorismo. Na ocasião, o consultor do Sebrae na Bahia, Jesiel Borges, falou sobre os benefícios da formalização como microempreendedor individual (MEI). A plateia pôde esclarecer dúvidas e conhecer a atuação do Sebrae no processo de orientação empresarial.

Um dos egressos presentes no evento trabalha há um ano e quatro meses com a fabricação de artefatos em madeira. Desde o início do negócio, ele resolveu se formalizar como MEI e garante que vai continuar se capacitando. “O conhecimento só vai trazer benefícios para todos nós”, disse. O empreendedor também tem planos para o futuro. “Quero abrir uma marcenaria. Creio que com os cursos que vou fazer poderei, aos pouquinhos, tornar esse projeto realidade”, complementou.


Idimara Dantas, gestora do projeto Inclusão Produtiva do Sebrae na Bahia, ao qual o Começar de Novo está vinculado, destacou a importância das ações desenvolvidas. “Nós acreditamos no empreendedorismo e queremos contribuir para que os egressos do sistema prisional possam entrar no mercado com qualificação, conhecimento e apoio para o desenvolvimento de novos negócios”. O integrante do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário do Tribunal de Justiça (GMF), Jorge Trindade, afirmou que o órgão já possui parcerias com empresas que oferecem empregos a ex-detentos, porém a demanda tem aumentado bastante. “Com esse crescimento, entendemos que o empreendedorismo é o melhor caminho para que esses egressos possam ser incluídos socialmente e gerar renda para eles mesmos e suas famílias”, pontuou.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Secretaria de Administração Penitenciária promove ação em parceria para garantir oportunidades aos egressos do sistema penitenciário com serviços gratuitos

A Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) promoveu na última quinta-feira, a primeira Ação Pró-Egresso no Patronato Magarino Torres, em Benfica, Zona Norte do Rio, em parceria do Estaleiro Mac Laren Oil e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O objetivo é garantir oportunidades de um futuro melhor para os egressos do sistema penitenciário fluminense, como estratégia de regaste da cidadania, prestando serviços gratuitos à população.
“O importante é fazer a sua parte e aqui temos isso: voluntários dedicando momentos para as pessoas, que por algum motivo vieram parar no sistema. Às vezes, o sistema é a melhor oportunidade para essas pessoas”, explicou o secretário de Administração Penitenciária, Cesar Rubens Monteiro de Carvalho.
Na ação, foram oferecidas emissão de documentos, saúde preventiva, atividades de beleza, cursos e assistência jurídica para os egressos e visitantes. O evento contou com a parceria do Exército Brasileiro, Ministério Público, Defensoria Pública, Detran, Caixa de Assistência dos Advogados do Rio de Janeiro (CAARJ), Odontoclínica, Senac e Santa Cabrini. Empresas e ONGs também deram assistência.
Palestras foram ministradas pela ONG Rosas com Chá, Ministério da Providência, Sebrae e Conselho Penitenciário, com temas como Postura no Trabalho e Benefício Previdência, por exemplo. “Essa ação tem objetivo de atender os egressos como uma ferramenta para a ressocialização”, disse a diretora do Patronato Magarino Torres, Mariângela Pavão Ribeiro.
A presidente do Conselho Penitenciário, Maíra da Costa Fernandes, parabenizou a iniciativa. “Essa ação é um fruto de uma vontade de fazer o bem e levar os egressos a virar a página. Esse é um evento de oportunidades”, afirmou.


O FLUMINENSE 
Objetivo é garantir um futuro melhor para os egressos. Foto: Arquivo 

Projeto GAFA e Mão Amiga

Amigos....

Gostaria da ajuda de vocês para estar conosco nesse Projeto que primeiramente nasceu no coração do nosso Pai. Precisamos da ajuda de todos para que possamos ajudar de alguma forma, famíias que estão sendo vitimizadas pela desigualdade social que está posta na nossa sociedade.
Visitem nosso Blog: http://projetogafa.blogspot.com.br/ e contribua com sua opnião e sugestão.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

A epidemia do crack

Em 1989, comecei um trabalho voluntário em presídios, que dura até hoje. No Carandiru, naquela época, a moda era injetar cocaína na veia. Os presos vinham pele e osso, com os olhos ictéricos e os braços marcados pelas agulhas e os abscessos causados por elas.
Naquele ano, colhemos amostras de sangue dos 1.492 detentos registrados no programa de visitas íntimas: 17,3% dos homens eram HIV-positivos, e 60% estavam infectados pelo vírus da hepatite C.
A partir desses dados, começamos um trabalho de prevenção que constava de palestras e vídeos educativos. Lembro que o diretor-geral tentou me convencer da inutilidade da iniciativa:
– O senhor está sendo ingênuo. Quem injeta cocaína na veia é irrecuperável, não tem mais nada a perder.
Estava errado, o resultado foi surpreendente: em 1992, a cocaína injetável foi varrida do mapa, fenômeno que se espalhou pelos outros presídios e pelos becos da periferia de São Paulo. A moda do baque na veia tinha chegado ao fim.
Não havia motivo para comemoração, no entanto: naquele ano, o crack invadiu o Carandiru. Para entender o que se passou, é preciso conhecer um pouco da farmacologia da cocaína.
Quando inalada sob a forma de pó, a cocaína é absorvida através da mucosa nasal, penetra os vasos sanguíneos superficiais, cai na circulação e atinge o cérebro. O processo é relativamente lento, a euforia aumenta gradativamente, atinge o pico e diminui até desaparecer.
Injetada na veia, vai direto para o coração, depois para os pulmões, e volta para o coração de onde será bombeada para o cérebro. O efeito é muito mais rápido e passageiro. A sensação é de um baque de prazer – daí o nome “baque na veia” – experiência muito mais intensa do que a obtida por inalação.
Fumada na forma de crack, a droga chega ao cérebro mais depressa do que ao ser injetada na veia, porque não perde tempo na circulação venosa, cai direto no pulmão. Do cachimbo ao cérebro, leva seis a dez segundos. O efeito é semelhante ao baque da injeção intravenosa, porém ainda mais rápido e fugaz.
O crack substituiu o baque e se disseminou pela cadeia feito água morro abaixo. Quando um preso negava ser usuário, eu partia do princípio de que mentia. Devo ter cometido pouquíssimas injustiças.
Na segunda metade dos anos 1990, uma das facções que dominavam os presídios se sobrepôs às demais. Seus líderes rapidamente perceberam que os craqueiros criavam obstáculos para a ordem econômica que pretendiam implantar. A solução foi proibir o crack. A lei é clara: fumou na cadeia, apanha de pau; vendeu, morre.
Ao chegar, o egresso da cracolândia dorme dois ou três dias consecutivos; só acorda para as refeições. Depois desse período, passa alguns dias um pouco agitado, mas aprende a viver sem crack.
A cocaína não é tão aditiva como muitos pensam, se o usuário não tiver acesso a ela, nem aos locais em que a consumia, nem entrar em contato com companheiros sob o efeito dela, nada acontece. Ao contrário, a simples visão da droga faz disparar o coração, provoca cólicas intestinais, náuseas e desespero.
Quebrar essa sequência perversa de eventos neuroquímicos não é tão difícil: basta manter o usuário longe do crack.
Vale a pena chegar perto de uma cracolândia para entender como é primária a ideia de que o craqueiro pode decidir em sã consciência o melhor caminho para sua vida. Com o crack ao alcance da mão, ele é um farrapo automatizado que não tem outro desejo senão o de conseguir a próxima pedra para o cachimbo.
Veja a hipocrisia: não podemos interná-lo contra a vontade, mas podemos mandá-lo para a cadeia assim que roubar o primeiro celular.
Não seria mais lógico construirmos clínicas pelo País inteiro com pessoal treinado para lidar com os dependentes? Não sairia mais em conta do que arcar com os custos materiais e sociais da epidemia?
É claro que não sou ingênuo a ponto de imaginar que, ao sair desses centros de recuperação, o ex-usuário se transformaria em cidadão exemplar. Mas, pelo menos haveria uma chance. Se continuasse na sarjeta, que oportunidade teria?
E, se ao ter alta da clínica, recebesse acompanhamento ambulatorial, apoio psicológico e oferta de um trabalho decente desde que se mantivesse de cara limpa documentada por exames periódicos rigorosos, não aumentaria a probabilidade de ficar curado?
Países como a Suíça que permitiam o uso livre de drogas em espaços públicos, abandonaram a prática ao perceber que a mortalidade aumenta. Nós convivemos com as cracolândias sem poder internar seus habitantes para tratá-los, mas exigimos que a polícia os prenda quando se comportam mal. Existe estratégia mais estúpida?
Na Penitenciária Feminina em que trabalho hoje, atendo muitas ex-usuárias de crack. Quando lhes pergunto se são a favor da internação compulsória dos dependentes da cracolândia, todas respondem que sim. Nunca encontrei uma que sugerisse o contrário.

Fonte: Drauzio Varella

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

O que é o CRAS - Centro de Referência da Assistência Social?



O CRAS - Centro de Referência da Assistência Social é uma unidade pública estatal localizada em áreas com maiores índices de vulnerabilidade e risco social, destinada ao atendimento socioassistencial de famílias.

O CRAS é o principal equipamento de desenvolvimento dos serviços socioassistenciais da Proteção Social Básica. Constitui espaço de concretização dos direitos socioassistenciais nos territórios, materializando a política de assistência social.

Como atua o CRAS?

O CRAS é o lugar que possibilita, em geral, o primeiro acesso das famílias aos direitos socioassistenciais e, portanto, à proteção social. Estrutura-se, assim, como porta de entrada dos usuários da política de assistência social para a rede de Proteção Básica e referência para encaminhamentos à Proteção Especial.

Desempenha papel central no território onde se localiza ao constituir a principal estrutura física local, cujo espaço físico deve ser compatível com o trabalho social com famílias que vivem no seu território de abrangência e conta com uma equipe profissional de referência.

Nesse sentido, destacam-se como principais atuações do CRAS:

• Presta serviços continuados de Proteção Social Básica de Assistência Social para famílias, seus membros e indivíduos em situação de vulnerabilidade social, por meio do PAIF tais como: acolhimento, acompanhamento em serviços socioeducativos e de convivência ou por ações socioassistenciais, encaminhamentos para a rede de proteção social existente no lugar onde vivem e para os demais serviços das outras políticas sociais, orientação e apoio na garantia dos seus direitos de cidadania e de convivência familiar e comunitária;

• Articula e fortalece a rede de Proteção Social Básica local;

• Previne as situações de risco no território onde vivem famílias em situação de vulnerabilidade social apoiando famílias e indivíduos em suas demandas sociais, inserindo-os na rede de proteção social e promover os meios necessários para que fortaleçam seus vínculos familiares e comunitários e acessem seus direitos de cidadania.

O CRAS pode ser utilizado para fins não vinculados ao seu funcionamento ou identidade?
Esclarecemos que a existência do CRAS está estritamente vinculada ao funcionamento do Programa de Atenção Integral à Família – PAIF, ou seja, à implementação do PAIF, co-financiado ou não pelo Governo Federal, que constitui condição essencial e indispensável para o funcionamento do CRAS.

Reconhece-se, portanto, ser atribuição exclusiva do poder público, o trabalho social com famílias, sendo esta a identidade que deve ser expressa no espaço físico do CRAS.

No CRAS, portanto, deve ser necessariamente ofertado o PAIF, podendo ser ofertados outros serviços, programas, benefícios e projetos conforme disponibilidade de espaço físico e de profissionais qualificados para implementá-los, e desde que não prejudiquem a execução do PAIF e nem ocupem os espaços a ele destinados. Os demais serviços sócio-educativos, ações complementares e projetos de proteção básica desenvolvidos no território de abrangência do CRAS devem ser a ele referenciados.

O que significam os conceitos de “Referência” e Contra-Referência do CRAS?
Referência - compreende o trânsito do nível menor para o de maior complexidade, ou o encaminhamento, feito pelo CRAS, a qualquer serviço socioassistencial ou para outra política setorial no seu território de abrangência.

Contra-referência – inversamente ao conceito de referência, compreende o trânsito do nível de maior para o de menor complexidade, como por exemplo, os encaminhamentos feitos do CREAS ou de outro serviço setorial ao CRAS.

Qual o conceito de “família referenciada”?
É a unidade de medida de famílias que vivem em territórios vulneráveis e são elegíveis ao atendimento ofertado no CRAS instalado nessas localidades.

Qual é o limite de tempo de permanência das famílias nos CRAS?

Não há um período máximo de permanência das famílias no CRAS. No entanto, é necessário avaliar os casos em que as equipes têm dificuldades para desligar as famílias, partindo do critério do cumprimento dos objetivos das ações propostas no CRAS ou em sua rede socioassistencial.

O desligamento deve ser planejado e realizado de maneira progressiva, com acompanhamento familiar por período determinado para verificar a permanência dos efeitos positivos das ações, tendo como referência os resultados esperados.

Qual a condição indispensável para o funcionamento do CRAS?


Todo CRAS em funcionamento terá de desenvolver, obrigatoriamente, o PAIF.

A existência do CRAS está necessariamente vinculada ao funcionamento do PAIF - Programa de Atenção Integral à Família, ou seja, a implementação do PAIF, co-financiado ou não pelo Governo Federal, é condição essencial e indispensável para o funcionamento do CRAS.

Reconhece-se, portanto, ser atribuição exclusiva do poder público, o trabalho social com famílias, sendo esta a identidade que deve ser expressa no espaço físico do CRAS. Nele, portanto, deve ser necessariamente ofertado o PAIF.

Podem ser oferecidos outros serviços no CRAS?

É permitido ofertar outros serviços, programas, benefícios, projetos e atividades no espaço físico do CRAS, desde que estes não modifiquem substancialmente a natureza e as funções essenciais do CRAS, de acordo com as definições constantes no Manual de Orientações Técnicas. Em suma, as demais atividades não podem prejudicar a execução do PAIF e a ocupação dos espaços a ele destinados.

As atividades devem ser acompanhadas pelo Conselho Municipal de Assistência Social. Não é necessária a criação de lei municipal para regularizar a oferta de outros serviços no âmbito do CRAS.

Os demais serviços socioeducativos, ações complementares e projetos de proteção básica desenvolvidos no território de abrangência do CRAS devem ser a ele referenciados.

Qual a importância do CRAS para a proteção social e para as famílias?

É por meio do CRAS que a proteção social da assistência social se territorializa e se aproxima da população, reconhecendo a existência das desigualdades sociais intra-urbanas e a importância presença de políticas sociais para reduzir essas desigualdades, pois previnem situações de vulnerabilidade e risco social, bem como identificam e estimulam as potencialidades locais, modificando a qualidade de vida das famílias que vivem nessas localidades.

Ao estabelecer o PAIF como prioridade dentre os demais serviços, programas e projetos da proteção social básica, que tem como principal foco de ação o trabalho com famílias, bem como ao territorializar sua esfera de atuação, o CRAS assume como fatores identitários dois grandes pilares do SUAS: a matricialidade sociofamiliar e a territorialização.

Qual é a capacidade de atendimento do CRAS?

A capacidade de atendimento do CRAS varia de acordo com o porte do município e com o número de famílias em situação de vulnerabilidade social, conforme estabelecido na NOB-SUAS. Estima-se a seguinte capacidade de atendimento, por área de abrangência do CRAS:

(1) CRAS em território referenciado por até 2.500 famílias - capacidade de atendimento: até 500 famílias/ano;

(2) CRAS em território referenciado por até 3.500 famílias - capacidade de atendimento: até 750 famílias/ano;

(3) CRAS em território referenciado por até 5.000 famílias - capacidade de atendimento: até 1.000 famílias/ano.

É possível instalar mais unidades do CRAS por município?

Os critérios de partilha de recursos propostos na NOB-SUAS permitem atender, gradualmente, nos próximos anos, a todos os municípios na perspectiva da universalização da Proteção Social Básica. Na V Conferência Nacional de Assistência Social (realizada em Brasília, no mês de dezembro de 2005) foi deliberado que os mínimos de CRAS por porte de município serão cumpridos somente após todos os municípios do Ranking terem pelo menos 01 CRAS co-financiado pelo Governo Federal.

Dessa forma, os municípios já contemplados com recursos para os serviços de Proteção Social Básica à família em CRAS por meio do Piso Básico Fixo não poderão receber novos recursos até que todos os municípios do país sejam contemplados com recursos para, no mínimo, 1 (um) CRAS.

IMPORTANTE: O município pode manter com recursos próprios a quantidade de CRAS que considerar necessário.

Para mais informações sobre o co-financiamento do PAIF, ver Perguntas Frequentes > Assistência Social > PSB - Proteção Social Básica > CRAS - Centro de Referências de Assistência Social > CRAS - Recursos no item “Por que o município ainda não recebe recursos para o PAIF?”

Qual deve ser o horário de atendimento do CRAS?

O CRAS deve funcionar, no mínimo, por 40 horas semanais, 5 dias por semana, 8 horas diárias.

Somente é considerado que o CRAS está em funcionamento por 8 horas se houver a presença da equipe de referência completa durante este período.

O horário de funcionamento do CRAS deve refletir as características dos serviços nele ofertado, quais sejam: possuir caráter público e continuado, preocupar-se em atender todos aqueles que deles necessitam ampliar a possibilidade de acesso dos usuários em pelo menos dois períodos do dia.

O horário de atendimento do CRAS pode ser flexível?

O horário pode ser flexível, permitindo que o equipamento funcione nos finais de semana e horários noturnos, desde que isso ocorra para possibilitar uma maior participação das famílias e da comunidade nos programas, serviços e projetos operacionalizados nessa unidade.

O horário de funcionamento do CRAS deve ser decidido em conjunto com as famílias referenciadas, ser amplamente divulgado e manter regularidade. Não é recomendável, por exemplo, um novo horário de funcionamento em um curto período de tempo.

O horário de funcionamento do CRAS corresponde necessariamente à jornada de trabalho da equipe de referência do CRAS?


O horário de funcionamento do CRAS não corresponde necessariamente à jornada de trabalho da equipe de referência do CRAS, pois essa decisão cabe ao gestor municipal de assistência social. Assim, caso o gestor estabeleça que a jornada de trabalho da equipe seja de quatro horas diárias, significa que terá de contratar duas equipes de referência para cumprir 8 horas diárias de funcionamento no CRAS.

Os técnicos da equipe de referência do CRAS também devem se revezar ao se afastar para o período de férias, de modo que os programas, serviços e projetos operacionalizados nos CRAS não sejam descontinuados.

O CRAS pode ser localizado em espaço compartilhado?

Sendo o CRAS a principal unidade de desenvolvimento dos serviços socioassistenciais da proteção social básica, não pode ser instalado em edificações inadequadas e improvisadas. O imóvel deve ser preferencialmente exclusivo.

O CRAS não deve compartilhar seu espaço físico com órgãos administrativos, tais como secretarias municipais de assistência social ou outras secretarias municipais e/ou estaduais, prefeituras, subprefeituras, administrações regionais, entre outras, pois o CRAS é uma unidade de prestação de serviços socioassistenciais, não podendo ser confundido com o local onde se desenvolvem as atividades de gestão da política de assistência social.

Como acessar a lista dos CRAS por município?


A lista do CRAS por município está disponível no Portal do MDS – www.mds.gov.br – no seguinte caminho: Assistência Social – Proteção Básica – Centro de Referência de Assistência Social. No menu a direita, clique no link: “ Localize as Unidades”.

Atividades de geração de renda podem ser executadas no CRAS?


As atividades de geração de renda podem ser executadas dentro do CRAS desde que essas não venham a modificar substancialmente a natureza e as funções do CRAS tais quais definidas pelo Manual de Orientações Técnicas (Acompanhamento familiar).

É necessário que as atividades sejam acompanhadas pelo Conselho Municipal de Assistência Social. Não há necessidade da criação de uma lei municipal e não existe uma destinação obrigatória para a utilização desse recurso. Recomendamos, no entanto, que os recursos sejam revertidos em prol dos serviços ou dos usuários do CRAS.

O que é o Índice de Desenvolvimento do CRAS (IDCRAS)?


O IDCRAS é um indicador sintético que tem por objetivo sistematizar as características de funcionamento dos CRAS e é composto pela combinação dos seguintes Indicadores Dimensionais:

• Atividades realizadas;
• Horário de funcionamento;
• Recursos humanos e
• Estrutura física.

O IDCRAS foi criado em 2008 pela Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação (SAGI), em parceria com a Secretaria Nacional de Assistência Social (SNAS).

Qual o objetivo do IDCRAS?

O IDCRAS foi criado com o objetivo de aprimorar o processo de monitoramento dos CRAS, iniciado em 2007, por meio do atualmente chamado de Censo SUAS.

Como é calculado Índice de Desenvolvimento dos CRAS?

Chega-se ao Índice de Desenvolvimento de cada CRAS, por meio da combinação dos Graus de Desenvolvimento, apurados por dimensão. As diferentes combinações de graus de desenvolvimento do CRAS, por dimensão, são distribuídas em 10 estágios de desenvolvimento. São eles:

- Estágios de 1 a 4 - um CRAS até o estágio 4 de desenvolvimento apresenta pelo menos uma dimensão Insuficiente;

- Estágios de 5 a 8 - um CRAS entre os estágios 5 e 8 é, no mínimo, Regular em todas as dimensões;

- Estágios 9 e 10 - um CRAS nos estágios 9 ou 10 é, respectivamente, Suficiente ou Superior, em todas as dimensões;

Como os municípios poderão ter acesso às informações sobre o Índice de Desenvolvimento dos CRAS?
O MDS irá disponibilizar até o dia 03/05/2012 no Portal do MDS – www.mds.gov.br - as informações sobre o Índice de Desenvolvimento dos CRAS.

Centros de Referência da Assistência Social em Niterói

CRAS 1: Centro de Cidadania Chico Mendes – Rua da Horta, nº 01, Morro do Céu. (21)2625-80

 CRAS 2: Vila Ipiranga – Rua Tenente Osório, s/nº, Vila Ipiranga. (21)2625-3433


 CRAS 3: Cubango – Rua Desembargador Lima Castro , nº 235, Cubango. Tel.:2625-9866


 CRAS 4: Região Oceânica – End. Estrada Francisco da Cruz Nunes, nº 3528 casa 02 Itaipu Ref. 1ª Quadra após os Correios. (21)2608-1773/2609-1437


 CRAS 5: Badú – End. Estrada Caetano Monteiro , 820, Badú. (21)2718-2263
 

 CRAS 6: Centro – End. Rua Evaristo da Veiga, s/nº – próximo ao Colégio Liceu Nilo Peçanha: Centro. (21)2613-6627


 CRAS 7: Preventório – End. Rua São Caetano, nº30 (dentro da Regional Adm. De São Francisco) (21)2611-9413/2714-4160